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Este é o texto original de uma réplica feita a uma manifestação do assessor de comunicação da transnacional Stora Enso no Diário de Santa Maria do dia 10 de Novembro de 2008. Vejam como era e como foi publicado o texto.
DESERTO VERDE
Foi publicada na edição de 10 de Novembro de 2008, uma carta enviada pelo senhor Itamar Pelizzaro, assessor de comunicação da Stora Enso, na qual sou acusado de preconceito contra as florestas plantadas. Gostaria de dizer a ele que tenho verdadeiro fascínio por florestas. Acontece que o investimento que ele está defendendo não se coaduna com o que eu entendo por floresta.
A esse respeito, gostaria de trazer à tona a existência da Ação Civil Pública número 2007.71.00.031307-4/RS, da qual são autoras, algumas entidades como o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais e a União Pela Vida. Como rés, entre outras, constam justamente as empresas Stora Enso e a Aracruz Celulose S/A. Qualquer pessoa que tiver interesse de conhece-la mais a fundo poderá acessá-la através do site da Justiça Federal.
Nessa Ação Civil Pública, entre outros tantos pedidos, está o de que “sejam condicionadas às publicidades dos réus, tratando de atividade silvicultural, direta ou indiretamente, à proibição do uso das expressões 'reflorestamento' ou 'florestamento', por induzir em erro a sociedade, levando a crer que se trata de plantação de florestas, e quando os réus utilizarem o termo 'plantio de árvores', sempre deverá vir acompanhada da expressão 'exóticas'”.
E qual é a razão de tal pleito? Simplesmente porque floresta pressupõe diversidade de flora e fauna e, caso alguém ainda não saiba, onde se planta eucalipto, árvore originária da Austrália, nada sobrevive. Não floresce qualquer outro tipo de vegetação, não sobrevivem pássaros, animais terrestres, minhocas, microorganismos, insetos, etc, e, segundo o conselheiro da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente (Agapan), Francisco Milanez, “pesquisas mostram que o eucalipto é uma das maiores máquinas de evapotranspiração. A planta faz um bombeamento anormal da água e tem, inclusive, o poder de secar riachos em apenas 1 ou 2 anos”. As empresas chamam tais áreas de florestas, porém, os ecologistas preferem chamá-los de deserto verde.
Enfim, na ação citada, estão em jogo dois grandes interesses: de um lado, o interesse econômico de empresas multinacionais e de outro, o interesse de alguns brasileiros conscientes pela preservação de nosso meio ambiente. Qual deles você escolhe?
O texto foi publicado assim:
Florestamento
Em 10 de novembro, fui acusado pelo senhor Itamar Pelizzaro, da Stora Enso, de ter preconceito contra florestas plantadas. Tenho fascínio por florestas. Mas o investimento que ele defende não se coaduna com o que entendo por floresta. Floresta pressupõe diversidade de flora e fauna. Onde se planta eucalipto, árvore originária da Austrália, nada sobrevive. Não floresce outra vegetação, não sobrevivem pássaros, animais terrestres, minhocas, microorganismos e insetos (...). Estão em jogo dois grandes interesses: o econômico e o ambiental. Qual você escolhe? Jorge André I. Jobim, advogadoNota da Redação: em 6 de novembro, o advogado Jorge André Irion Jobim criticou os projetos de florestamento, que disse serem uma "idéia equivocada de desenvolvimento". No dia 10, o assessor de comunicação da Stora Enso, Itamar Pelizzaro, respondeu que o projeto da empresa foi licenciado. "É difícil entender o preconceito contra as florestas plantadas", escreveu Pelizzaro.
Publicado no Diário de Santa Maria no dia 15 de Novembro de 2.008
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